A idéia da criação de uma Escola destinada à formação de professores de religião para nível médio surgiu durante um Congresso Catequético realizado em outubro de 1964 e promovido pelo Regional Leste-1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) – Estado da Guanabara e do Rio. Até então, havia numerosos cursos para catequistas paroquiais e de escolas primárias, mas nada organizado para o atendimento da área secundária.

Comunicada a idéia ao Cardeal Dom Jaime Câmara — que, aliás, estava participando do Concílio Vaticano II, em Roma — dele recebeu entusiasmático apoio, em carta enviada ao subsecretário do Regional, que ficava incumbido de elaborar um anteprojeto da Escola. Dom Jaime era, além de arcebispo da Guanabara, o presidente da Comissão Episcopal Leste-1.

Com a colaboração de uma equipe, na qual se achavam o Pe. Hugo Paiva, subsecretário geral da CNBB; o cônego Geraldo Pereira; diretor do Departamento Arquidiocesano de Ensino Religioso da Guanabara; dom Cirilo Gomes, OSB, subsecretário do Leste-1; o professor Álvaro Gomes e a professora Maria Regina Vômero Dias, da Secretaria de Educação da GB, foi elaborado o anteprojeto, que foi promulgado por dom Jaime no dia 12 de dezembro de 1964.

O objetivo da Escola ficou definido como: formação e aperfeiçoamento de professores de Religião em estabelecimentos de educação de nível médio, sediados na Região Leste-1 da Conferência Nacional dos Bispos.

A Escola ficaria subordinada ao Secretariado Regional, com audiência do Prelado Arquidiocesano de sua sede. Recebia o título de “Mater Ecclesiae”, em homenagem à Virgem Maria, que com essa designação fora solenemente invocada por Paulo VI, no memorável encerramento da 3ª sessão do Concílio, a 20 de novembro de 1964. O papa exprimira seu voto de que Maria fosse, desde então, honrada e invocada com mais esta designação (antes pouco usual e até discutida entre teólogos); pois bem, a Escola do Leste-1 parece ter sido a primeira instituição do mundo a corresponder a este apelo, pois era criada, sob este título, 20 dias após.

A festa da inauguração da Escola ocorreu em março seguinte, contando com a presença do cardeal dom Jaime, do corpo docente e de cerca de 50 alunos matriculados.

O curso abrangeria 2 anos, mais tarde completados com mais um, em 6 aulas semanais sobre Teologia, Sagrada Escritura, Moral, História da Igreja, Liturgia e Catequese.

Dos alunos exigia-se certificado de 2º ciclo, a não ser para os que se inscrevessem somente como ouvintes.
Desejava-se dar-lhes uma formação doutrinária básica e sólida, uma iniciação teológica que lhes permitisse sentir ao vivo a beleza e a coerência das verdades católicas, ao mesmo tempo que os recursos didáticos que os habilitassem à transmissão catequética a jovens. Numa época em que se começava a difundir-se teorias heterodoxas e questionamentos estranhos em matéria doutrinária, a preocupação dominante da Escoa deveria ser a ortodoxia.

Entre os professores que têm lecionado na Mater Ecclesiae, contam-se por exemplo: Dom José de Castro Pinto, Dom Estêvão Bettencourt, Pe. Bertrand de Margerie, Pe. Antônio Guglielmi, Dom Mário Gurgel, Dom Paulo Rocha, Pe. Afonso Garcia, Pe. Leme Lopes, Pe. Paulo Bannwarth, Pe. Bruno Trombetta, professora Maria Lídia Matos, etc.

Entre os alunos já houve magistrados, generais, médicos, sociólogos, professores, jovens, religiosos… sendo que muitos deles se dedicaram efetivamente ao apostolado do ensino religioso, mesmo antes de haver perspectivas de remuneração nos estabelecimentos oficiais de ensino.

Houve pessoas, já aposentadas, que ali descobriram uma nova e empolgante vocação, como foi o caso do Sr. Antônio Aguiar, pai de três sacerdotes e já septuagenário, mas dotado de espírito jovem, que fez o curso e leciona com muito êxito em vários colégios.

A partir de 1968, alguns Vigários Episcopais da Guanabara pediram insistentemente a criação de sucursais da Escola em suas regiões pastorais. Foi assim que em 1968 fundaram-se duas novas sedes: uma no Encantado e outra em Braz de Pina (esta atualmente em recesso); e em 1970 uma em Botafogo.

Assim, funcionam atualmente 3 sedes da “Mater Ecclesiae”, na Guanabara, cada uma com uma religiosa coordenadora, sob a direção geral do secretariado Leste-1, em íntima colaboração com os respectivos Vigários Episcopais. A sede central está, desde a fundação, no próprio Secretariado, à rua São José, 90. O número de alunos atinge, no corrente ano, o número de 210.

Em 1968, ainda, foi fundada uma Associação dos Ex-alunos, pelo Juiz Dr. Cury. Depois, ela teve reformulado o seu regimento e está agora presidida pelo General Cyro Perdigão, tendo como finalidade realizar promoções de atualização doutrinária entre os ex-alunos, bem como manter intercâmbio entre eles.

É de se notar que muitos leigos têm procurado os cursos da Mater Ecclesiae mais pelo desejo de conhecerem melhor a Religião, do que pelo de serem catequistas, nela encontrando uma oportunidade de iniciação teológica, feita de modo sistemático.

Como Escola Catequética, a Mater Ecclesiae já não é a única na Guanabara, pois existem outros cursos congêneres, como o “Lumem Christi”, nas Laranjeiras, e o “Luz e Vida”, no Centro, na Mem de Sá.

Para pessoas que ainda desejem uma formação mais apurada em Teologia há as Faculdades Teológicas da PUC e do São Bento, onde, porém, o curso é feito em aulas diárias, durante maior número de anos.

Dom Cirilo Gomes, OSB

Rio de Janeiro, 17/04/1973