Muitas pessoas acreditam sem dificuldade na existência de Deus, que por mais de um motivo lhes parece óbvia. Diante de Cristo, porém, não vêem por que aceitar que seja verdadeiramente Deus (Deus feito homem), como ensina a fé cristã: a noção de “Deus encarnado” (verdadeiro Deus e verdadeiro homem) parece-lhes paradoxal demais ou mesmo mitológica.
Há cinqüenta anos ou mais, quem quisesse encaminhar a resposta à questão da divindade de Cristo, compulsava os Evangelhos e citava os textos que mais realçavam a consciência de que Jesus tinha que ser realmente Deus igual ao Pai; acrescentava-se um perfil físico e psíquico de Cristo para mostrar que Jesus era sadio e alheio a toda obsessão e fraudulência enganadora. Estava assim, em linhas gerais, encerrada a demonstração. Hoje em dia, não é possível proceder tão sumariamente, pois se pergunta se os textos dos Evangelhos citados referem a realidade histórica (a figura e os dizeres do Jesus que nasceu na Palestina) ou antes, o modo de pensar dos discípulos, que terão atribuído a Cristo os predicados que eles subjetivamente imaginavam e sentiam.
Em conseqüência, este fascículo compreende duas partes: uma crítica dos Evangelhos e um exame dos dizeres de Jesus e dos Evangelistas concernentes à Divindade de Cristo.